Amigo ou concorrente no esporte?

Comecei a jogar tênis com 8 anos de idade. Fiz muitos amigos que, infelizmente, a maioria eu não vejo mais, mas sei que quando a gente se encontrar, retomaremos a amizade como se nada tivesse acontecido. Às vezes encontro esses amigos e a gente dá risada da competição e rivalidade do passado. Mas será que é sempre assim?

Hoje em dia a gente vê que o Nadal, Federer e alguns outros jogadores são amigos, será que é sempre assim também? Em alguns casos a resposta é sim. Quando o espanhol Nicolas Almagro machucou o joelho o argentino Del Potro pulou a rede e foi socorrer ele em gesto claro de amizade e solidariedade. Por outro lado, a competição leva a rivalidade que não é a melhor amiga da amizade. Lembro de um episódio do Kyrgios com o Wawrinka que trocaram farpas na virada do jogo. Antigamente, acho que era muito pior: McEnrou, Connors, Hewitt, Ilie Nastase e outros jogadores não se davam bem com os demais. Isso ficava claro nos jogos e dava um exemplo muito ruim para os tenistas e praticantes da modalidade. As entrevistas eram carregadas de frases eu vou ganhar na próxima, joguei mal e hoje os jogadores respeitam muito mais o adversário. Digo sinceramente, ainda bem que isso mudou. Eu mesmo na época que joguei o lema era “vitória a qualquer custo”.

Lembro de um jogo muito importante contra um amigo que na virada falei algo muito desagradável a ele. Resultado ele se descontrolou e ganhei o jogo. Sai triste da quadra e perdi o amigo. Na época isso era normal, estilo o “trash talk” do boxe. Me arrependo até hoje e esse amigo creio nunca me perdoou. Me pergunto, será que era amigo mesmo? Fica a dica, competir é bom mas ganhar a qualquer custo, não!

Hoje em dia, o jogador profissional tem uma equipe que é muito importante e que serve para essa amizade e suporte, fundamental na competição. Aí eu me pego pensando será que o ditado popular “O sucesso é solitário” é valido? O Guga quando jogava o circuito teve ao seu lado o técnico Larri Passos por 15 anos, parceria essa de muito sucesso. A frase do Guga quando terminou a parceria logo antes dele se aposentar por problemas no quadril: “apesar de não termos mais um relacionamento profissional, o carinho e a amizade vão existir sempre, porque o Larri é como um pai para mim e tomara que a gente continue a ter sucesso, cada um no seu caminho”

No tênis e Beach Tennis o jogo de dupla e os jogos em equipes são também bastante propensos a desenvolver essa amizade e espirito de equipes. Há muitos exemplos de equipes que brilharam no circuito de duplas e que são grandes amigos. Atualmente os irmãos Bryan seguem jogando aos 40 anos e a frase deles é: “nunca perde a graça quando você tem o seu melhor amigo ao seu lado no circuito.” No Beach Tennis, ao contrário do tênis, a dupla é mais importante que simples. No Brasil, talvez a dupla de maior sucesso que continua no topo e acaba de ser convocada para o mundial na Rússia é formada por Marcus Vinicius Ferreira e Thales Santos. Uma vez tive o privilégio de entrevistar o Marcus Vinícius entre outras coisas ele fez questão de citar a amizade que ele e o Thales tem dentro e fora da quadra. Veja a entrevista completa no link http://www.beachtennisonline.com.br/entrevista-com-o-numero-1-marcus-vinicius-ferreira/

Em todos os treinos competitivos sempre incluo a dupla que e uma ótima forma de treinar alguns golpes menos usados da simples e desenvolver essa amizade também. Falando de amizade lembro da época do circuito profissional que meu parceiro e eu tínhamos uma grande amizade e a nossa felicidade de passar vários qualifying e chegar ao ranking de 520 na ATP. Com o risco de ser taxado de presunçoso, agradeço pelas oportunidades que o tênis abriu na minha vida.

Quando morava e trabalhava nos EUA, um amigo me proporcionou um momento muito importante: uma visita a um diretor da América Latina da Ford, empresa que queríamos fazer negócio. Além do negócio, tivemos a chance de ver Brasil x Suécia na Copa dos EUA em 1994. Posso citar muitos outros exemplos, mas prefiro usar o Nelson Mandela “O Esporte tem o poder de mudar o mundo. O esporte tem o poder de unir como poucas coisas têm. Fala uma língua que os jovens entendem. Cria esperança aonde um dia havia desespero. O esporte tem mais poder que os governos para quebrar barreiras raciais. O esporte ri na cara de todos os tipos de discriminação”.

Temos essa mentalidade de equipe tanto nos treinos de tênis como nos rachões Beach Tennis. O lema não é ganhar e sim fazer história juntos. Se estiver em São Paulo, venha unir-se a a nossa equipe de amigos e jogadores!

Sobre o Autor
Formado em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais pela Universidade Anhembi Morumbi, profissional com mais de 10 anos de experiência em comunicação organizacional. Desenvolvimento de atividades como: relacionamento com o público interno, coordenação e estratégias de criação e comercialização de campanhas em mídias sociais, trade marketing e comunicação externa. Know how em gestão de canais, organização de eventos, cerimonial e protocolo, relacionamento com stakeholders, além de coordenação da edição de publicações técnicas. Responsável pela carreira e imagem de atletas de performance e profissionais, além do gerenciamento da comunicação organizacional e marketing de empresas dos ramos de esportes, qualidade de vida, cultura, ensino e entretenimento, atendendo contas como CNA Idiomas e Sutton São Paulo. Atuou como docente convidado do módulo Relações Públicas, Assessoria e Comunicação Interna no curso de pós graduação de Gestão da Comunicação Integrada do Senac. Também ministra palestras sobre temas variados de comunicação.
Contato

Entre em contato, em breve retornaremos!