Communication FIRST! Making information great again…

Gostaria de ter finalizado e publicado antes esse meu artigo sobre a atuação da comunicação nas históricas eleições americanas de 2020, mas também, um pouco de demora para falar sobre esse processo tão moroso e controverso, está mais do que perdoado, não é mesmo? E quem sabe, como efeito secundário, não possa servir de reflexão para os resultados do processo eleitoral nos municípios em nosso país?

Não espere nesses próximos parágrafos uma explicação de um especialista em eleições americanas, ou uma análise profunda da postura dos principais órgãos de imprensa dos Estados Unidos. Não sou esse cara “estudioso”, e nem tampouco me transformei como tantos, em “especialistas”, que de repente surgiram sabendo tudo sobre delegados, condados ou a importância da Pensilvânia ou de Michigan.

Agora como jornalista, comunicador e ser humano esperançoso em ver o jogo democrático virar no combate à intolerância, fake news e autoritarismo, não posso negar que me aproximei demais desse tema nas últimas semanas, pelo simbolismo que o progresso no país mais representativo do mundo pode trazer a outras democracias tão retardadas (vale lembrar que a definição de “progresso” utilizada aqui é com a conotação de: ao menos parar de andar pra trás, se me entendem…).

“America first…”

“Uma chance para reiniciar”. Foi assim, em meio a lágrimas necessárias ao vivo na CNN americana que o analista político e ex-conselheiro de Barack Obama, Van Jones, ficou marcado por representar o sentimento de boa parte de um país, em que mulheres, negros e outros grupos sub-representados foram a alavanca para virar o jogo para os democratas e plantar um sentimento que era “mais fácil ser pai naquela manhã” em que Donald Trump havia perdido as eleições nos EUA, apesar dele ter dificuldades para reconhecer isso, afinal a conta vem – literalmente ($$$)… (confira o artigo da revista New Yorker: Why Trump can’t afford to lose).

Essa vulnerabilidade e esse caráter humano em rede nacional de Jones foram importantes, quase uma “equivalência jornalística” ao gesto consagrado de punhos ao alto dos medalhistas Tommie Smith e John Carlos, nos Jogos Olímpicos de 1968, e amplamente repetido nas manifestações #BlackLivesMatter. Não interessa se aquilo foi mais um dramalhão americano ou 100% genuíno, mas esse é o ponto que quero trazer e me fez pensar em escrever essa uma dúzia de parágrafos: os meios de comunicação e suas plataformas podem ser democráticos, sem serem democratas. Mega corporações, mas que no fim do dia são controladas e conduzidas por pessoas, por cidadãos que têm voz, que têm nome e que têm direitos e deveres com seus públicos ou com seus usuários.

Esses meios e plataformas de comunicação, redes sociais ou grandes veículos de imprensa, são responsáveis por tanta evolução em nossa sociedade ao longo de décadas, mas também tem em sua conta esses deslizes, como a eleição de um homem que constrói muros, vira as costas para aliados e deixa o país à míngua, nos aspectos raciais, diplomáticos, econômicos, e, principalmente, no combate a uma pandemia. Ainda mais quando sabemos que esses meios foram usados de maneira escusa e manipulatória.

Mas como disse Kennedy Alencar, colunista do UOL, “é possível vencer as fake news e elas tem data de validade”! Por isso, que é importante revermos conceitos como os que foram revistos por ABC, CBS e NBC, no momento em que interrompem um presidente da República, não por censura, mas por dever jornalístico! Dever de dar informações corretas, em tempo real e sem distorções sobre fraudes nas eleições americanas. E aos cidadãos americanos que defendam a liberdade de expressão do Presidente, agora reconhecidamente um “loser” global, que permaneçam seguindo-o em seu Twitter, principal plataforma das mais de 20 mil mentiras contadas por ele nos quatro anos de governo, conforme levantamento da imprensa do país.

“Combater mentira não é censura”

E por falar em Twitter, Carlos Affono, Diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio) e professor da Faculdade de Direito da UERJ, em sua coluna de tecnologia do UOL comentou exatamente sobre o papel das redes sociais neste capítulo tão importante da democracia americana. “De uma forma ou de outra, as grandes empresas de internet estão no centro do debate sobre a formação da convicção eleitoral dos norte-americanos: evitando a disseminação de notícias falsas e de mensagens que pudessem restringir o exercício do voto”.

Da mesma forma que Van Jones chora na CNN, as grandes emissoras interrompem um presidente ao vivo em rede nacional, o Instagram anuncia que não exibirá para usuários norte-americanos, durante as eleições, as hashtags mais populares na aba “recentes”; o Facebook reduz o alcance de matérias com fontes duvidosas sobre o filho de Joe Biden; e o e o Twitter coloca em prática a sua política contra a divulgação de conteúdos vazados e hackeados.

Ou seja, apontamos para um caminho de maior responsabilização de todos envolvidos na geração e gestão da informação, e não mais um jogo de empurra, o que abre uma possibilidade de evolução, otimismo e até mesmo pressão popular, para que demais meios e profissionais façam o mesmo pelo mundo, tanto em processos eleitorais, como no tratamento de notícias falsas no dia a dia.

Cover by covers

Por fim, há a tecnologia, há os meios digitais, mas temos também as grandes e tradicionais revistas americanas, que são o grande case e inspiração para o jornalismo impresso nos quatro cantos do mundo há muitas décadas. The Economist, Newsweek, The New Yorker e, particularmente, minha favorita: TIME. Sem contar que até a alemã Der Spiegel deu seus recados visuais geniais e criativos à situação dos Estados Unidos.

Entre tantas capas marcantes e históricas, para o jornalismo no mundo, pelo menos uma delas foi amplamente falada este ano, em que a revista TIME muda seu nome para “VOTE”, buscando de uma maneira direta, simples e pouco discreta dizer, em apenas quatro letras, “vá às urnas e mude esse país”; lembrando que nos Estados Unidos o voto não é obrigatório.

“Poucos eventos irão moldar o mundo do que o resultado da próxima eleição presidencial dos EUA”, contou Edward Felsenthal, o Editor-Chefe e CEO da TIME, durante o lançamento da revista. “Para marcar este momento histórico,provavelmente a decisão mais importante que qualquer um de nós já tomou nas urnas, pela primeira vez em nossos quase 100 anos de história substituímos nosso logotipo na capa de nossa edição dos EUA pelo imperativo para que todos nós possamos exercer o direito de voto” (A arte da capa é de Shepard Fairey).

Como Kennedy Alencar afirmou muito bem, “num país em que o voto não é obrigatório, negros e jovens foram às urnas como se suas vidas dependessem disso”. E dá orgulho ser um jornalista, ser um comunicador e enxergar perspectiva de ressignificação e reinvenção.

Os veículos e plataformas de comunicação – infelizmente não todos – usando de um termo bem americano, vem demonstrando serem “fast learners” ao se verem manipulados e desacreditados, e que esse movimento no qual nasce em meio à disputa eleitoral americana seja o berço para que essas corporações e esses profissionais assumam: “Sim, tivemos e ainda temos o papel de enfraquecimento das democracias”, às vezes por ação e outras por omissão. Porém, que busquem esse frescor do novo e como é possível dar a volta por cima nas fake news, usando de ferramentas que não envelhecem no jornalismo, na comunicação, na tecnologia ou até numa carpintaria: ética, transparência, verdade… O famoso “Fazer sempre o certo que dá certo”, como aprendi na minha profissão.

“É um privilégio cobrir a história por meio de uma plataforma como a nossa, mas também difícil e assustador pois, além de lançados a pandemia violenta, já estávamos lidando com um presidente que constrói sua campanha visando comprometer a veracidade do nosso trabalho” Alex Altman, Vice-chefe da sucursal de Washington da TIME

(confira no editorial da TIME: Our Dueling American Realities Remain. Biden, Harris—And All of Us—Have Much Work Ahead).

Sobre o Autor
Formado em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais pela Universidade Anhembi Morumbi, profissional com mais de 10 anos de experiência em comunicação organizacional. Desenvolvimento de atividades como: relacionamento com o público interno, coordenação e estratégias de criação e comercialização de campanhas em mídias sociais, trade marketing e comunicação externa. Know how em gestão de canais, organização de eventos, cerimonial e protocolo, relacionamento com stakeholders, além de coordenação da edição de publicações técnicas. Responsável pela carreira e imagem de atletas de performance e profissionais, além do gerenciamento da comunicação organizacional e marketing de empresas dos ramos de esportes, qualidade de vida, cultura, ensino e entretenimento, atendendo contas como CNA Idiomas e Sutton São Paulo. Atuou como docente convidado do módulo Relações Públicas, Assessoria e Comunicação Interna no curso de pós graduação de Gestão da Comunicação Integrada do Senac. Também ministra palestras sobre temas variados de comunicação.
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