Gente grande: papo com Marcelo Melo

Ser membro de uma família de tradição no tênis nem sempre é garantia de caminho fácil e uma carreira vitoriosa e o personagem principal dessa história sabe bem disso.

Daniel Melo, irmão de Marcelo, que se aposentou do tênis em 2008, foi um duplista que teve como ponto áureo da carreira um título de duplas do Brasil Open. E talvez por sua influência, Marcelo tenha optado por focar sua carreira nas duplas, já que em simples os resultados não vinham sendo satisfatórios.

Profissional desde 1998 foi quase uma década depois que teve o ponto de virada de sua carreira. Passou a se dedicar exclusivamente as duplas a partir de 2007, quando se juntou ao conterrâneo e amigo André Sá. Logo na disputa do primeiro Grand Slam juntos, em Wimbledon, a dupla passou por uma maratona de seis horas contra Paul Hanley e Kevin Ulyett na segunda rodada, com direito a 28/26 no quinto set, parando apenas nas semifinais.

Este seria apenas o primeiro grande resultado do mineiro, que viria a conquistar o tradicional torneio ingles em 2017 ao lado do atual parceiro Lukasz Kubot e mais 28 taças, se sagrando o primeiro brasileiro número 1 do ranking desde Gustavo Kuerten. Mas quem pensa que o tenista está satisfeito com sua trajetória está muito enganado, Melo contou para a gente quais são seus objetivos e a receita para se manter no topo. Confira:

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Foto: Luiz Doro

NC:Como decidiu começar a jogar tênis?

Marcelo Melo: O tênis sempre esteve presente na minha vida. Eu cresci em uma família de tenistas. Comecei a jogar aos 7 anos, no Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte. Meu pais, assim como meus irmãos, jogam tênis. Meu irmão Daniel é meu técnico. Acompanhava meus pais jogando em dupla, junto com os amigos. Jogava muita dupla nos finais de semana com eles. Quando faltava um amigo deles, eu era o primeiro na ‘lista de espera’ e acabei tomando muito gosto pelas duplas, substituindo esses parceiros dos meus pais.

NC:Como foi a transição de jogador de simples para duplas?

MM: O jogo de duplas exige um entrosamento entre os parceiros, um conjunto que traz os resultados, que diferencia a atuação nas quadras, nas vitórias. Um entrosamento que vem passo a passo, cada um entendendo a forma de jogar do outro, dando o seu melhor na quadra, conversando a cada jogo, definindo estratégias.

NC: Qual o segredo de fazer sucesso jogando com parceiros diferentes?

MM: Escolha do parceiro é muito importante, os jogadores se completarem, onde o ideal é o ponto forte de cada jogador ser diferente. No meu caso tenho o saque e o voleio como minhas principais armas. Outro aspecto importante é um bom relacionamento dentro e fora da quadra, pois essa sintonia facilita demais o diálogo entre a equipe.

NC: Algum objetivo na carreira que ainda não conquistou?

O objetivo é continuar mantendo um alto nível da dupla, evoluindo sempre. E ir em busca de alguns títulos inéditos, como o ATP Finals – fomos vice em 2017 -, quem sabe com a conquista de mais um Grand Slam e de Masters 1000.

NC:Qual a sensação de alcançar o topo do ranking?

MM: Fiquei realmente muito contente por ter fechado o ano como número 1 do mundo, tanto no individual como no time, ao lado do meu parceiro, o Lukasz Kubot. Não teria como ser melhor. Fizemos de tudo, a temporada inteira, para poder atingir isso. Um dos momentos mais felizes da minha vida. Ter chegado ao posto de número 1 do mundo novamente e manter o topo do ranking é muito gratificante. Além de terminar como melhor dupla do ano pela primeira vez.

NC: Quem são seus principais amigos no circuito?

MM: Sempre me dei muito bem com todos os tenistas, mas meu grande amigo é o Daniel, meu irmão e técnico há 10 anos. Hoje tenho um grande parceiro, dentro e fora das quadras, que é o Kubot. O reflexo disso é a grande temporada que fizemos em 2017.

NC: Sabemos que você tem uma grande amizade com o tenista alemão Alexander Zverev, como começou essa amizade?

MM: Com a convivência no circuito, passamos a ser grandes amigos, sempre estamos nos mesmos torneios praticamente. Às vezes eu falo um pouco sobre voleios com ele, já que está tentando aprimorar este fundamento no jogo dele.

NC: Você se arrisca em esportes como futebol e golfe, se não fosse tenista teria seguido carreira em outro esporte?

MM: Comecei no tênis bem pequeno e nunca pensei em outros esportes.

NC: Como vê o panorama do tênis brasileiro? Com bons resultados nas duplas, porém poucos resultados em simples

MM: Estamos em um ótimo momento dos jogadores de duplas no País. E esperamos manter isso, assim como desenvolver o tênis brasileiro como um todo. Quanto mais jogadores, de simples, de duplas, melhor para o Brasil. Ganhar ou não é questão do momento, do jogo, especialmente em torneios de alto nível, em que um detalhe pode fazer toda a diferença para a vitória ou a derrota.

NC: Que dupla admira e qual a mais difícil de enfrentar?

MM: Todas as duplas são difíceis de enfrentar, dependendo do torneio, do tipo de piso, de diferentes fatores.

NC: Tenista que admira

MM: Entre os tenistas, considero Roger Federer a referência, o grande nome atual.

NC: O que costuma a fazer no tempo livre?

MM: Eu sempre que posso volto para casa, gosto de estar com a minha família e com os amigos.

NC: Conte-nos um jogo marcante

MM: A vitória em Wimbledon. Terminei aquela semana sem ter palavras para descrever o sentimento depois de tudo que vivemos. Meu sonho sempre foi conquistar Wimbledon. Sempre falei isso. Todos os anos, que meu foco era ganhar lá. Desde pequeno sonhei. E poder ganhar, nossa… É Wimbledon! Poder entrar para a história. Ser afortunado de jogar naquela quadra central e vencer.

NC: Qual seu torneio favorito?

MM: Meu grande sonho sempre foi vencer o Torneio de Wimbledon. Mas, outras duas conquistas também marcam e muito a minha carreira: ser número um do mundo – posição que já ocupei por duas vezes – e o título do meu primeiro Grand Slam, em Roland Garros, na França, em 2015.

NC: O que achou do retorno de Roger Federer ao topo do ranking?

MM: Ele sempre foi diferenciado. É um jogador especial, com uma movimentação de pernas muito acima da média, e com um repertório técnico invejável. Por estar no circuito há muito tempo, consegue definir seu calendário de forma a não comprometer seu físico. Esse é um fator determinante para que ele tenha conseguido retomar a liderança do ranking.

NC: Como é sua relação fora da quadra com seu parceiro de duplas Lukasz Kubot?

MM: Já havíamos jogando alguns torneios, fomos campeões no ATP de Viena em 2015 e 2016. Conversamos e decidimos passar a jogar juntos a partir do início da temporada 2017. É uma relação muito boa, dentro e fora da quadra. Estamos nos entendendo muito bem e os resultados têm aparecido.

NC:Qual é a sensação de defender o Brasil na Copa Davis?

MM: É sempre uma grande emoção jogar pelo Brasil. Maior prazer e orgulho poder representar o País.

Sobre o Autor
Formado em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais pela Universidade Anhembi Morumbi, profissional com mais de 10 anos de experiência em comunicação organizacional. Desenvolvimento de atividades como: relacionamento com o público interno, coordenação e estratégias de criação e comercialização de campanhas em mídias sociais, trade marketing e comunicação externa. Know how em gestão de canais, organização de eventos, cerimonial e protocolo, relacionamento com stakeholders, além de coordenação da edição de publicações técnicas. Responsável pela carreira e imagem de atletas de performance e profissionais, além do gerenciamento da comunicação organizacional e marketing de empresas dos ramos de esportes, qualidade de vida, cultura, ensino e entretenimento, atendendo contas como CNA Idiomas e Sutton São Paulo. Atuou como docente convidado do módulo Relações Públicas, Assessoria e Comunicação Interna no curso de pós graduação de Gestão da Comunicação Integrada do Senac. Também ministra palestras sobre temas variados de comunicação.
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