A incrível força das mulheres

2018. Século 21. Tecnologia e relações virtuais cada vez mais dominantes em um cenário de constantes mutações, no qual estamos sujeitos a sermos incrivelmente adaptáveis numa velocidade assustadoramente desafiadora. Mas, em meio a tudo isso, alguns velhos paradigmas ainda persistem, infelizmente, nesse caso que pretendo abordar.

Em minha vida sempre convivi com diversas mulheres, passei grande parte da minha vida com minha mãe e tia, além de optar cursar um curso tradicionalmente dominado por elas. Em casa, minha mãe sempre resolveu tudo, com uma energia incomum, tirava de letra o fato de ter que criar praticamente sozinha um filho e lidar com os diversos problemas da casa e da empresa que administrara.

Assim, foi comum perceber o distanciamento que ainda temos em relação às mulheres no mercado de trabalho e no cotidiano em geral. Por incrível que pareça o mundo ainda é um tanto quanto machista. E digo isso com medo de pensar que evoluímos tão pouco dos tempos das cavernas, na qual o homem era predominantemente o provedor, saia para caçar e fornecer o alimento necessário para a sobrevivência de sua mulher, que esperava pacientemente na penumbra o retorno de seu amado. Será que essa relação mudou tanto assim?

Observamos um crescente número de mulheres de destaque e movimentos que dão voz a elas e buscam lutar pela igualdade perante a sociedade. Mesmo com tantos avanços, ainda é comum notar salários discrepantes e um grande número de vagas de chefia sendo preenchidas sumariamente e prioritariamente por homens, em detrimento de mulheres tão ou até mais capacitadas.

As mulheres enfrentam os agouros dessa realidade com muita força, qualidade essa que me ajudou a pensar no título desse artigo. Mesmo enfrentando uma espécie de 7×1 diariamente, elas se dobram e desdobram em busca não só de reconhecimento, mas também do utópico lugar ao sol. São mulheres com carreiras fantásticas, que ao mesmo tempo podem dividir suas atenções com a organização da casa e, por vezes, com a educação de seus filhos, e esse gás que eles precisam está concentrado nessa força surreal. O poder de mesmo enfrentando esse contraste imposto pela sociedade, prosperar.

As mulheres tem uma garra sem igual de se levantar e ir em frente, aquela história de sexo frágil ficou para trás a muito tempo e todos sabem disso. A competência superou (e muito) aquela velha história machista de “ela chegou até aqui devido aos seus atributos físicos”, não quero viver em uma sociedade que ainda pensa assim.

E quando falamos de esportes a relação de desigualdade é a mesma e mostra um abismo que ainda perdura. As mulheres são condicionadas a receberem menores salários, investimentos escassos em diversas modalidades e sofrer preconceito por seguirem seus sonhos e praticarem o dom com as quais foram agraciadas.

Ao abrir a NC, estava ansioso por trabalhar com o público feminino, sobretudo, com atletas de performance que enchiam meus olhos pelos seus feitos tão pouco reconhecidos. Foi difícil até conseguir captar atletas para formar o que chamamos de #NCTeam. E os exemplos de superação no esporte só corroboram para a já citada força.

Nossa atleta Larissa Oliveira, nadadora profissional do Pinheiros, sofreu um terrível acidente no caminho para a faculdade. O galho de um árvore perfurou o vidro do carro e atingiu sua coxa, em uma região um tanto quanto delicada. Após meses de recuperação e por quê não, sofrimento, prognósticos pessimistas davam conta que o retorno em alta performance seria difícil e até mesmo uma aposentadoria precoce foi cogitada. A guerreira Larissa contrariou a tudo e a todos e voltou a nadar no mais alto nível, se sagrando campeã estadual e brasileira. Uma história fantástica dessa nos encheu ainda mais de orgulho e nos fez ver que não há barreiras intransponíveis quando há fé e perseverança.

E os exemplos não param por ai, Em fevereiro, conversei com a tenista número 1 do Brasil, Beatriz Haddad Maia. Bia, como é carinhosamente conhecida no circuito, enfrentou ao longo de sua curta carreira o drama das contusões. Passou por intervenções cirúrgicas que colocaram em xeque a continuidade de sua carreira. Mas nem mesmo todos esses percalços a fizeram desistir de seu sonho e hoje ocupa a posição de número 61 do ranking mundial, uma bela vitória se levarmos em conta os escassos investimentos na modalidade e a recorrente falta de apoio. E quando toquei no assunto ela foi categórica, me mostrando a mesma força de vontade e garra vistas nas quadras do mundo “Já superei, isso é passado. Meu foco é sempre estar bem fisicamente, estou conseguindo me sentir bem todos os dias e isso me deixa tranquila para seguir trilhando o meu caminho no tênis.” Conversei com ela quando acabara de voltar da gira pela Oceania, na qual quebrou um tabu de 53 anos do tênis feminino brasileiro ao passar a primeira rodada do Aberto da Austrália, e logo em sua primeira participação no torneio. Quando a indago sobre suas expectativas e metas para este ano mais uma vez ela é categórica “Buscar o meu melhor, sempre.” E é justamente isso que as mulheres fazem, buscam a excelência em todas as atividades de seu cotidiano, seja liderando equipes desafiadoras ou até mesmo sendo tão perfeitas na organização de sua rotina. Temos que realmente saudar e tirar o chapéu, aprendendo com elas a forma como lidar com os problemas e sempre buscar uma solução rápida e eficiente para cada adversidade.

Tanto a Larissa, quanto a Bia são exemplos no esporte do que vivenciamos no dia a dia, a incrível força das mulheres e a capacidade única de superar cada adversidade. Será que ainda vamos viver em um mundo que não reconhece esses feitos e ainda insiste em promover essa “Guerra dos Sexos”? Espero que não, pois as mulheres são as principais engrenagens desse mundo tão insano e dinâmico.

Sobre o Autor
Formado em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais pela Universidade Anhembi Morumbi, profissional com mais de 10 anos de experiência em comunicação organizacional. Desenvolvimento de atividades como: relacionamento com o público interno, coordenação e estratégias de criação e comercialização de campanhas em mídias sociais, trade marketing e comunicação externa. Know how em gestão de canais, organização de eventos, cerimonial e protocolo, relacionamento com stakeholders, além de coordenação da edição de publicações técnicas. Responsável pela carreira e imagem de atletas de performance e profissionais, além do gerenciamento da comunicação organizacional e marketing de empresas dos ramos de esportes, qualidade de vida, cultura, ensino e entretenimento, atendendo contas como CNA Idiomas e Sutton São Paulo. Atuou como docente convidado do módulo Relações Públicas, Assessoria e Comunicação Interna no curso de pós graduação de Gestão da Comunicação Integrada do Senac. Também ministra palestras sobre temas variados de comunicação.
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