O comprometimento argentino

Vivemos em um contexto imediatista. Queremos a todo custo soluções rápidas e, por vezes, miraculosas para as mais variadas demandas.

Na época em que jogava o circuito profissional de tênis, me impressionava o comprometimento, disciplina e atitude dos atletas argentinos. Jogávamos o circuito juntos, e era quase uma regra, quando os argentinos perdiam algum jogo, voltavam à quadra para treinar.

Não havia espaço para tristeza e lamentações ou euforia e festa após alguma vitória. Como mencionei no último artigo, bati um papo com o Daniel Orsanic, capitão argentino da Copa Davis, que me contou que a garra e comprometimento partia de como os argentinos encaravam o tênis.

Tudo começou com o lendário Guilhermo Vilas. Quando fui jogar em Santos no torneio Internacional do Tênis Clube de Santos me lembro que ele era muito forte, bem acima da média. Treinava muito, mesmo em dia de jogo e sua bola tinha muito spin e peso, algo bem inovador na ocasião. Seu parceiro era o Ricardo Cano, nem de perto tinha o talento de Vilas, mas juntos ganharam muitos jogos e creio que foi ali que começou a era de jogadores argentinos cheios de garra e obstinação.

Na viagens, eu e meu parceiro francês observávamos a obstinação dos argentinos, que após jogos duríssimos no saibro deixavam suas meias encardidas de tanto saibro e mesmo assim, sem condições adequadas, costumavam a lavá-las nas pias do quarto.

Em Curitiba, em um torneio da ATP, fui o único Brasileiro a passar o qualifying vencendo na última rodada o argentino Cristian Miniussi. Fiquei muito feliz, momento inesquecível, no qual fui celebrar com os amigos. No dia seguinte, perdi logo na primeira rodada para um jogador com menos recursos que eu, pois estava cansado, em contrapartida, o Cristian trocou a camiseta e foi para quadra outra vez e treinou por mais uma hora pelo menos. 10 dias depois ele venceu o Vitas Gerulatias número 10 do mundo.

Hoje podemos observar jogadores argentinos que vivem grande momento, como o Diego Schartzman, campeão do Rio Open e que ocupa a posição 17 do ranking da ATP. Dieguito, como é conhecido, tem apenas 1,70cm e tem na garra e inteligência tática suas grandes armas contra jogadores com maior repertório de golpes. Juan Martín Del Potro, talvez o maior expoente dessa geração, lidou com diversas contusões, que em muitos casos poderiam abreviar a carreira. Em uma volta por cima sensacional, Delpo voltou a competir e estar fisicamente bem para alcançar grandes resultados, como a vitória sobre Roger Federer no US Open do ano passado e os títulos do ATP 500 de Acapulco, e do Masters de Indian Wells, o primeiro de sua carreira, vencendo em uma partida dramática o suiço Roger Federer. Hoje o argentino assume a sexta colocação do ranking.

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Para se ter uma ideia, a Argentina tem sete representantes no top 100 do ranking, o que garante equipes competitivas na Copa Davis. Um exemplo mais próximo a nós é do Horacio Zeballos, semi finalista do Brasil Open deste ano. Nos anos anteriores, visivelmente fora de forma, Zeballos não conseguia passar o quali e quando conseguia, perdia logo nas primeiras rodadas. Hoje, mesmo aos 32 anos, notou-se uma evolução clara no seu jogo e no seu físico, que lhe rendeu grandes vitórias e a consolidação no top 100 do ranking,

Acredito que todos os esportes se assemelham quanto a necessidade do comprometimento. No caso do tênis ou no Beach Tennis são bem semelhantes . Se você quer realmente atingir um nível legal, tem que se preparar e treinar. Logicamente não tem nada de errado você ir ao torneio para se divertir e fazer amizades. ACHO ÓTIMO! Mas quem gosta de jogar e perder?

Então vamos lá. Dicas para melhorar o seu comprometimento e seu jogo:

1) Tenha um coach e ou mentor;

2) Consiga o ok do seu marido e ou esposa e filhos para treinar;

3) Envolva a família. No caso do Beach Tennis é um esporte de família e você pode jogar com eles; No tênis, você pode ir ao clube com eles e cada um treinar de acordo com seu nível;

4) Confie no seu coach;

5) Trace OBJETIVOS e um plano de treino;

6) Siga o plano de treino. Não desanime. Outro dia falando com o lendário ex jogador profissional de tênis e agora coach, Carlos Kirmayr perguntei a ele porque era tão difícil ver os profissionais de tênis do Brasil melhorarem. Ele me comentou que o desenvolvimento no tênis é lento e feito através de pequenas melhoras como se fosse uma escada plana com pequenas subidas;

7) Se o seu objetivo é jogar melhor, jogue torneios: jogue torneios fortes para aprender e mais fracos para aprender a ganhar, também. A Regra segundo o técnico Daniel Rosembauer é dois para um. Duas vitorias para cada derrota;

8) Comprometa-se a ir treinar, sempre tem uma desculpa para não ir no treino. Resista e vá treinar. Marque e aí fica mais difícil ter a desculpa de não comparecer;

9) Arrume amigos comprometidos ao esporte e que te puxem. Se possível forme uma equipe. Aliás os argentinos, espanhóis e alguns outros países são bons em formar equipe, fazendo com que os jogadores se sintam parte de algo maior E se comprometam;

10) Divirta-se treinando. Criatividade. Por isto você tem um coach. Não faça sempre o mesmo treino. Um jovem talento foi treinar na Academia do Juan Carlos Ferrero de tênis. Passou um ano e meio fazendo basicamente o mesmo treino. Voltou e parou de jogar;

11) Não tenha foco só ganhar e sim melhorar. Lembre-se dos seus objetivos!

12) Tenha palavra. Vou fazer…faça!
Isso ajudará sua auto estima;

13) Incorpore treino físico e mental nos seus treinos. São tão importantes quanto o treino de quadra e ajuda no comprometimento. Lembre-se não dá para treinar tênis e Beach Tennis e ficar bom nos dois. Mas dá para fazer tênis e musculação e Beach Tennis e funcional, por exemplo;

14) Aprenda a perder. Coisa fácil de falar, mas muito difícil de assimilar;

15) Treine seus pontos fortes e principalmente os pontos fracos.

Enfim, comprometa-se a fazer o que você planejou e revise os planos no final de ano.

Isso vai te ajudar na melhora do seu Tênis ou Beach Tennis e quem sabe em outras áreas da sua vida.

Decida-se e comprometa-se já!

Sobre o Autor
Formado em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais pela Universidade Anhembi Morumbi, profissional com mais de 10 anos de experiência em comunicação organizacional. Desenvolvimento de atividades como: relacionamento com o público interno, coordenação e estratégias de criação e comercialização de campanhas em mídias sociais, trade marketing e comunicação externa. Know how em gestão de canais, organização de eventos, cerimonial e protocolo, relacionamento com stakeholders, além de coordenação da edição de publicações técnicas. Responsável pela carreira e imagem de atletas de performance e profissionais, além do gerenciamento da comunicação organizacional e marketing de empresas dos ramos de esportes, qualidade de vida, cultura, ensino e entretenimento, atendendo contas como CNA Idiomas e Sutton São Paulo. Atuou como docente convidado do módulo Relações Públicas, Assessoria e Comunicação Interna no curso de pós graduação de Gestão da Comunicação Integrada do Senac. Também ministra palestras sobre temas variados de comunicação.
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