O processo de aprendizado

Neste artigo falarei um pouco sobre como funciona o aprendizado. A chamada neuropsicologia utiliza um modelo com 5 partes para explicar o processo do aprendizado independentemente da idade:

1. Sensação: a primeira coisa que acontece no cérebro quando começamos a aprender algo é sentir, seja pelo tato, pela audição, visão ou até paladar e olfato. No caso de tênis ou do Beach é sentir o golpe certo.

2. Percepção: em seguida, começamos a perceber conscientemente as sensações da primeira etapa. O que acontece quando executamos aquela curtinha perfeito

3. Formação de imagens: com base na percepção, formamos imagens na nossa mente, associando a sensação à nossa memória. Por exemplo, ao sentir você batando um bola com efeito, você associa o barulho nas cordas.

4. Simbolização: aqui é quando associamos a imagem e a sensação a palavras (mais relevante para a linguagem).

5. Conceituação: por último, e mais importante, é preciso assimilar o que aprendemos a fim de conceituá-lo e inseri-lo em categorias e classificações na nossa cabeça.

Outro ponto importante para se comentar é entender para que o processo do aprendizado fique armazenado na memória demanda um longo prazo, caso contrário pode ser facilmente descartado ou esquecido.

O aluno que aprende um golpe e não absorve fatores como técnica e mecânica, pode, facilmente, esquecer já na próxima aula, principalmente se não treinar por dias consecutivos. Por isso o exercício em casa é fundamental para o aprendizado.

E a idade para o aprendizado? Tem uma frase do amigo tenista Dácio Campos que define bem isso “Aprender a jogar tênis na fase adulta e como aprender uma língua. Se você aprende de criança você é fluente, mas se aprende depois de adulto você pode ter um sotaque. Isso pode ser muito parecido com seu tênis.”

Mas é possível aprender em qualquer idade. Tudo que li, pesquisei e vivenciei no esporte me leva a crer que o mais importante é a vontade de aprender, treinar e superar barreiras. Um aluno que joga no circuito sênior, está empenhado em mudar o voleio de duas mãos para o de uma mão: tenho certeza que vai dar certo porque ele quer fazer essa mudança para dar um salto de qualidade no seu jogo de rede e, consequentemente, no seu tênis.

Um estudo de 2007 de aprendizagem motora em crianças concluiu que talvez o mais importante seja o feedback após boas tentativas invés do mau feedback após tentativas ruim. Ou seja critique menos e elogie mais quando o atleta faz algo bom.

Vejo muitos atletas de todas as idades que resistem as mudanças. Não querem piorar para melhorar depois. Estão satisfeitos com o nível de jogo que possuem. Como coach tento insistir pela mudança. Um aluno insiste em fugir em demasiado da esquerda sendo que sua esquerda é o seu melhor golpe. Difícil situação como professor e para não criar uma atmosfera de negativismo, deixamos passar várias vezes que ele insiste nessa jogada. Acho que com calma ele irá entender.

O aprendizado não é tão rápido como a gente gostaria que fosse. Às veze temos que ser criativos e descobrir novas formas de fazer o aluno entender como mudar. Uma coisa muito difícil no tênis e no Beach e fazer o aluno entender que a pegada continental é fundamental para muitos golpes nos dois esportes. O aluno insiste em querer sacar, dar o smash, e volear com a pegada de direita e não há como mudar isso.

A disciplina e a confiança no coach são fatores fundamentais no aprendizado tambem. Geralmente a relação entre treinador e aluno não é das mais fáceis, pois exige total cumplicidade. Essa relação tem que ser transparente e aberta para que os objetivos sejam alcançados. Vemos muitos jogadores top trocar frequentemente de técnico e melhorarem. O aluno tem que saber assimilar não só a parte técnica, mas também ouvir cada dica e se esforçar nos treinos. A performance está ligada ao tempo que o tenista passará dentro de quadra ou na academia treinando a tão falada repetição. Há também o outro lado, a relação conturbada entre os dois lados. O desgaste da relação pode se dar a medida que o tenista e o treinador passar a ficar muitas horas juntos e às vezes não tem retorno rápido. Alguns tenistas mudam de técnico e não tem mudanças no seu jogo ou até tem uma pequena queda.

Depende da idade? Acho que não, uns tem mais facilidade para aprender que outros. Alguns aprendem tudo muito rápido e só falar uma vez e está feito. Tem uma capacidade de assimilação excelente. Talvez consiga imitar, observar e pôr em pratica muito mais rápido que os outros de mais difícil assimilação e convencimento.

Independente da sua capacidade de aprender, é possível passar de não saber a ser um expert e o segredo é insistir. Não aceite que você não pode aprender. Pode parecer impossível, mas os experts garantem que o ser humano tem a capacidade de aprendizado e você pode aprender. Nos vemos nas quadras e não desista de aprender golpes novos de tênis ou Beach Tennis.

Sobre o Autor
Formado em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais pela Universidade Anhembi Morumbi, profissional com mais de 10 anos de experiência em comunicação organizacional. Desenvolvimento de atividades como: relacionamento com o público interno, coordenação e estratégias de criação e comercialização de campanhas em mídias sociais, trade marketing e comunicação externa. Know how em gestão de canais, organização de eventos, cerimonial e protocolo, relacionamento com stakeholders, além de coordenação da edição de publicações técnicas. Responsável pela carreira e imagem de atletas de performance e profissionais, além do gerenciamento da comunicação organizacional e marketing de empresas dos ramos de esportes, qualidade de vida, cultura, ensino e entretenimento, atendendo contas como CNA Idiomas e Sutton São Paulo. Atuou como docente convidado do módulo Relações Públicas, Assessoria e Comunicação Interna no curso de pós graduação de Gestão da Comunicação Integrada do Senac. Também ministra palestras sobre temas variados de comunicação.
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